Aécio Neves
AÉCIO REPRESENTA O RETROCESSO E DILMA, O REPRESAMENTO DO ÍMPETO REVOLUCIONÁRIO.
- sua persona política, hoje, é de quem encara os explorados como objetos (beneficiários) da sua atuação, não como os sujeitos que precisam ser estimulados a cumprirem seu papel histórico. Ela substitui a mobilização revolucionária pela arregimentação dos eleitores para garantirem mandatos aos gerenciadores corretos, reassumindo, logo ao saírem da cabine de votação, a sua condição de zeros à esquerda, a serem devidamente tutelados pelos que sabem o que é melhor para eles. É o contrário de tudo que Marx e Proudhon nos ensinaram;
- e, não se contentando em colocar os explorados no seu devido lugar por meio das políticas de governo, recorreu à repressão pura e simples para sufocar o despertar das massas nas jornadas de junho de 2013 e subsequentes, tudo fazendo para abortar o que, para quem permaneceu revolucionário, representava a maior esperança surgida desde a domesticação do Partido dos Trabalhadores. Foi imperdoável e eu, pelo menos, jamais perdoarei o PT por isto; quase vomitava ao ler, nos posts dos blogueiros amestrados que oscilam na órbita palaciana, as mesmíssimas falácias, diatribes e incitação à bestialidade fardada que os arqui-reacionários de então, como Nelson Rodrigues, lançavam contra o movimento estudantil de 1968.
Mas, se o PT, como partido (companheiros valorosos ainda existem por lá e poderão ser muito úteis quando buscarem melhor companhia), está perdido para a revolução e se o indivíduo Aécio Neves cai melhor no figurino presidencial do que Dilma Rousseff, deveríamos votar nele?
OUTRA GRAVÍSSIMA ACUSAÇÃO DO LULA: O AÉCIO NÃO LEVAVA MAÇÃ PRA PROFESSORA!
- testemunhas (nas situações normais sempre há poucas: por comodismo ou por principio, a grande maioria prefere viver e deixar viver);
- guardas de trânsito (otoridades que, quando desobedecidas, ficam furibundas e tudo fazem para retaliar os autores do crime de lesa majestade, donde o STJ agiu certíssimo ao cortar-lhes as asas); e
- médicos (cujo exame visual nada mais é do que um palpite, além de tenderem a, quando a serviço da Polícia, vestirem a camisa de repressores com o ardor de um Harry Shibata).
Crianças são tuteladas.
A Lei Seca original (1920-1933) foi um total fracasso |
Por este caminho, dá para se justificarem todas e quaisquer medidas autoritárias. Trata-se da mesmíssima racionália aplicada pelos EUA e países europeus após o atentado ao WTC: cidadãos com traços físicos e/ou sobrenomes assemelhados aos árabes eram revistados, detidos, interrogados, maltratados, confinados, em função do mero palpite de que pudessem ser terroristas.
Obs. Não li nenhuma referência ao branco que deu em Dilma durante o debate da Band, mas é provável que alguém mais tenha percebido. O certo é que eu notei, registrei (vide aqui) e, em seguida, abordei exatamente o problema da exaustão física e mental dos candidatos, pois ficou evidente para mim que ela, ou havia travado, ou tonteado. Logo após o debate do SBT aconteceu de novo e a presidenta teve de ser amparada para não cair.
DEBATE DE CANDIDATOS-PRODUTO É A QUINTESSÊNCIA DA CHATICE
- quando Richard Nixon foi ao confronto decisivo contra John Kennedy com a barba por fazer. Mais do que os argumentos, o eleitorado dos EUA comparou o garboso Kennedy ao mal-encarado Nixon, com os resultados conhecidos;
- quando um deputado dos mais obesos, querendo entregar alguns papéis a Jânio Quadros no ar, foi se arrastando pelo chão com seu corpanzil de urso, por baixo do ângulo captado pelas câmeras… sem imaginar que, maldosamente, elas se voltariam na sua direção, expondo a todos os telespectadores o ato de puxa-saquismo explícito;
- quando Franco Montoro, aproveitando a vantagem de ser sua a última intervenção do debate, acusou Jânio Quadros de torpeza (havia sido vítima da ditadura e estava mancomunado com os antigos perseguidores), deixando o homem da vassoura à beira de um ataque de nervos, pois suas tentativas furibundas de retrucar eram bloqueadas pelo mediador;
- quando o jornalista Boris Casoy perguntou a Fernando Henrique Cardoso se ele acreditava em Deus e FHC se queixou de que haviam combinado não tocar nesse assunto, deixando a impressão de que ele evitava admitir sua condição de ateu (muitos analistas acreditaram ser este o motivo da surpreendente virada de Jânio Quadros, na enésima hora);
- quando Brizola e Maluf perderam as estribeiras e ficaram se xingando no ar. “Filhote da ditadura!”, repetiu várias vezes o gaúcho, enquanto o outro respondia: “Desequilibrado! Desequilibrado! Passou 15 anos no estrangeiro e não aprendeu nada!”;
- quando Lula teve um apagão no debate decisivo com Collor e reagiu com apatia aos ataques do inimigo, não contestando sequer a afirmação de que seu aparelho de som era melhor que o do ricaço das Alagoas (já ouvi dizerem que se tratou de uma armadilha evitada: a espionagem do Collor teria obtido um recibo de compra de aparelho de som caro, constrangedor para Lula);
- quando o mesmo Collor, tentando voltar à tona depois de expelido do poder, foi escalado para formular uma questão ao folclórico Enéas Carneiro e, depois de pensar um pouco, desistiu: “Fale qualquer coisa aí!”. Enéas gastou seu tempo criticando o próprio Collor, que esnobou de novo o adversário, desprezando a chance da réplica: “Pode continuar!”.
No debate entre a presidenta Dilma Rousseff e o senador Aécio Neves na Band, o que saiu do script foi a primeira ter dado uma ligeira travada (lembrou o filme 8 mile), recompondo-se depois de angustiantes segundos de branco; a exaustão física e mental que se notava em ambos, a ponto de entoarem várias vezes a mesma ladainha (Aécio invocando seu índice de aprovação quando deixou o governo de MG, Dilma aludindo ao Pronatec umas 30 vezes, como vitrola quebrada de outrora); pelo mesmo motivo, a falta de articulação que mostravam em alguns momentos, perdendo o fio da meada e enveredando, para disfarçar, por assuntos sem ligação nenhuma com o que estavam falando; os erros crassos de concordância que cometiam quando exaltavam as excelências… da educação!
Quanto ao Pronatec, nenhum político ousará lembrar que as empresas, para disporem dos quadros técnicos que lhes são imprescindíveis, sempre os formaram por si mesmas quando o governo não investia nesta área. Então, a menina dos olhos da Dilma é um programa que transferiu para a União parte dos custos que os Senais da vida bancavam sozinhos. Os capitalistas agradecem.
E que dizer da insistência de Dilma em insinuar que quem não apoiou a CPMF, aquele famigerado imposto do cheque, foi um sabotador da Saúde? Contribuição introduzida emergencialmente e que foi sendo eternizada à base de subterfúgios, servia (como os pedágios das rodovias) para o Estado espertamente poupar verbas que eram desviadas/desperdiçadas alhures. Terminou da forma mais melancólica possível, com rejeição acachapante e sob suspiros aliviados dos cidadãos, os quais detestavam ser extorquidos por um tributo travestido em contribuição provisória.
De resto, o debate foi parelho nas escaramuças entre ambos. No entanto, o Aécio levou a vantagem de ir ao encontro do que o homem comum está sentindo: a economia estagnou e a inflação voltou. Ele martelou isto ad nauseam, sem que a Dilma, coitada!, tivesse como retrucar de forma convincente. Contra fatos não há argumentos.
Ainda não caiu, para a campanha da Dilma, a ficha de que o eleitorado não quer MAIS DO MESMO, Quer, isto sim, MAIS DO QUE O MESMO.
Se a candidatura governista não conseguir convencê-lo de que a Dilma tem como ir além do que já foi, ele tentará avançar com o Aécio, por mais que os petistas gritem “cuidado com o tucano papão!”.
AINDA SOBRE O AMARGOR E A ESPERANÇA
Seu espectro agora é amplo, não apenas midiático… |
Como não acredito que as verdadeiras soluções para os dramas brasileiros possam ser oferecidas pelos partidos e candidatos da política oficial, além de avaliar as opções oferecidas ao eleitorado na eleição presidencial de 2014 como pouquíssimo alentadoras, tenho me limitado a defender algumas posturas mais consequentes e a apresentar contrapontos às propostas dos principais candidatos. Ou seja, tento levantar discussões que considero mais importantes do que a eleição em si, aproveitando o interesse despertado pelo pleito.
O segundo motivo faria algum sentido em se tratando de outra pessoa, mas os verdadeiros militantes revolucionários somos diferentes. Espelho-me na postura de Trotsky, o comandante operacional da revolução soviética de 1917 e o grande responsável por sua sobrevivência nos campos de batalha, que depois sofreria as piores injustiças. Nem mesmo seus entes queridos foram poupados. Ainda assim, ele se recusava a ser erigido em mártir, afirmando desconhecer qualquer “tragédia pessoal”. Ou seja, o desvirtuamento da revolução era uma tragédia coletiva que atingira a ele como a tantos outros que se mantiveram fiéis aos ideais bolcheviques.
“No fundo, são dois exemplos de um mesmo comportamento: pessoas que abdicam de serem boas, justas, nobres e dignas. Preferem ser amargas, más, rancorosas e vingativas. Optam por jogar a civilização no lixo, apoiando a imposição da força bruta e abrindo as portas para a barbárie.
Mas, nem a criminalidade será extinta com o extermínio dos bandidos (outros tomarão seu lugar, indefinidamente), nem a revolução mundial avançará um milímetro com a esquerda apoiando tiranos execráveis. Quem é guiado pelo amargor, apenas se coloca no mesmo plano do mal que combate, abdicando da superioridade moral e desqualificando-e para liderar o povo na busca de soluções reais.
No caso dos esquerdistas desnorteados, eles esquecem que os podres poderes se sustentam exatamente na descrença dos homens quanto às possibilidades de mudar o mundo.
Céticos, eles se tornam impotentes. Cabe a nós devolvermo-lhes as esperanças.
Nunca teremos recursos materiais equiparáveis aos do capitalismo. Nosso verdadeiro trunfo é personificarmos tais esperanças — principalmente a de que a justiça social e a liberdade venham, enfim, a prevalecer.
…ou falamos o que faz sentido para os melhores seres humanos (os únicos que conseguiremos trazer para nosso lado no atual estágio da luta) ou continuaremos falando sozinhos, sem força política para sermos verdadeiramente influentes“.
É no que sempre acreditarei. Então, lamento imensamente que, no 2º turno da eleição presidencial, sejam os tucanos que apostem na esperança e seja o PT que instile o ódio. Isto poderá até servir para ganhar a eleição, mas não para reconquistar os idealistas e os justos, trazendo-os de volta para o nosso lado, como estavam, em peso, nos estertores da ditadura e alvorecer da Nova República.
Nós carecemos, desesperadamente, desses quadros de qualidade superior, movidos por ideais e não por interesses. São o ponto de partida para começarmos a reconstruir a esquerda brasileira, depois de sua credibilidade ter atingido o fundo do poço.
A BOLSA DISPAROU. POR QUÊ?
Bolsas de valores são letais: morre-se de enfarte na alta… |
…e de depressão quando elas quebram. |
FIM DOS NEGACEIOS: MARINA SOBE AO ALTAR COM AÉCIO. SERÁ O XEQUE-MATE?
Este foi o previsível desfecho… |
…de uma decisão desastrosa… |
Ao que tudo indica, a infame satanização de Marina só haverá servido para transformar uma derrota parcial nas mãos de uma adversária em derrota avassaladora nas asas do pior inimigo. Mágica besta está aí.
…dos aprendizes de feiticeiros do PT. |
A volta às origens não é impossível, embora já tenha dilapidado substancial parcela de capital político acumulado nas saudosas jornadas do ABC, na superação da ditadura e nos tempos esperançosos do Lula-lá.
"TEMOS DE SER MINIMAMENTE COERENTES", COBRA A ERUNDINA ARRETADA!
Vale lembrar, p. ex., sua digna atitude de desistir de ser vice do Fernando Haddad na disputa da prefeitura paulistana, porque este fora beijar a mão do Paulo Maluf.
“A deputada Luiza Erundina (PSB-SP), uma das coordenadoras da campanha de Marina Silva à Presidência, defende que o PSB libere o voto de seus filiados no 2º turno das eleições. O partido deliberará sobre o tema ainda nesta semana, mas Marina já sinalizou que pode declarar apoio ao tucano Aécio Neves.
‘Há grupos no partido que querem Aécio Neves, outros que pretendem apoiar a Dilma. Tomar uma posição única seria ruim, dividiria o partido. O melhor seria liberar para que cada militante, filiado ou dirigente, possa tomar a sua decisão’, afirma a ex-prefeita de São Paulo.
Caso a ideia vingue, Erundina já tomou a sua: não vai declarar voto nem no tucano nem na petista.
‘Nem Aécio, nem Dilma. Nós não dissemos o tempo inteiro, na campanha, que queríamos mudança? Não propúnhamos o tempo inteiro o fim da polarização? Se nós apoiarmos um dos polos, não vamos justamente fortalecer um dos polos e, portanto, justamente a polarização que combatemos?’, questiona a socialista.
‘Nós temos de ser minimamente coerentes. Sem o que, não vale a pena’, finaliza ela“.
MARINA NA HORA DA VERDADE: QUE POSIÇÃO DEVE ASSUMIR NO 2º TURNO?
No caso presente, o da candidata derrotada Marina Silva, a moeda usual pela qual poderá trocar seu acervo de votos e as declarações de amor eterno a um(a) dos finalistas, seria(m) ministério(s) para si ou para seu partido no eventual governo daquele com quem fechar o acordo.
P. ex., se caluniadores imundos lançarem o boato de que uma respeitável educadora exerce atividade parasitária e vil, martelando-a incessantemente como recomendava Goebbels, muitos idiotas sairão repetindo como papagaios esta mentira deslavada.
É outro traço bem brasileiro: diante de um linchamento, a grande maioria toma o partido dos linchadores.
Reatando o fio da meada, faz sentido que uma ex-seringueira, ex-doméstica e ex-analfabeta, entrando aos 27 anos num partido que cada vez mais se afastava dos ideais revolucionários e provavelmente não estaria ensinando nem sequer o bê-a-bá do marxismo aos ingressantes, mostre até hoje pouca familiaridade com o equacionamento dessas questões em termos de classes sociais.
O velho barbudo queria é livrar a humanidade das divisões artificiais que só servem para perpetuar a desigualdade; a visão que tinha dos que oscilavam entre a burguesia e o proletariado era a mais depreciativa possível; e, como papa da economia política, ele riria na cara de quem ousasse sustentar que um coitadeza, tendo como renda mensal uma merreca tipo R$ 291, pertenceria à classe média…
SEMEARAM VENTOS. COLHEREMOS UMA TEMPESTADE?
Santa Maria de Iquique)
- Tendo implodido Marina Silva com uma avassaladora blitzkrieg de falsidades, insinuações e tendenciosidades, o PT preparou o caminho para a vitória… ou para sofrer a sua pior derrota desde 1989?
- Como impedirá que os votos de sua filha pródiga migrem para Aécio Neves, se a satanizou como a pior das inimigas, ao invés de tratá-la com o respeito devido a uma adversária também pertencente a campo da esquerda?
- O que lhe dá tanta certeza de triunfo, se o partido está visivelmente desgastado após 12 anos de exercício ininterrupto do poder e já não tem mais esperanças nem novidades para oferecer (só mais do mesmo, quando o mesmo se tornou pouco), se sua rejeição jamais foi tão elevada, se o momento econômico é o pior desde 2002, se nunca houve tantas e tão chocantes denúncias para o PIG trombetear e se Dilma Rousseff mostra desempenho muito inferior ao de Aécio Neves nos debates eleitorais?
- Nestas condições, não terá sido leviandade trocar a certeza de vitória de uma das candidatas de esquerda pelo risco de abrir as portas do Palácio do Planalto para o inimigo de classe, concorrendo para um terrível retrocesso?