Fernando Haddad

O POSTE QUE VIROU PREFEITO SE GABA DE TER INSPIRADO JOGO SUJO CONTRA MARINA

O prefeito Fernando Haddad se vangloria, em entrevista à Folha de S. Paulo (vide aqui), de haver dado ao marqueteiro de Dilma Rousseff a ideia de atacar a ligação de Neca Setúbal com Marina Silva.
Para quem não é de São Paulo, informo: Haddad foi  o poste que o Lula conseguiu eleger em 2012, repetindo a façanha de Paulo Maluf, que fizera de Celso Pitta o burgomestre da maior cidade brasileira (seu mandato terminou melancolicamente, sob uma saraivada de denúncias de corrupção). 
Numa pesquisa do início deste ano, Haddad ocupava o último lugar entre os prefeitos das capitais brasileiras: 60% dos paulistanos consideravam sua gestão “ruim” ou “péssima”.
Em termos de (crassa) incompetência e de (elevadíssima) taxa de rejeição, Haddad é o Pitta 2. Mas, há uma diferença entre ambos: a criatura malufista mantinha uma certa compostura pessoal, enquanto temos enorme dificuldade para concluir se o trotskista que virou suco é pior como administrador ou em termos de caráter.
Pois o Haddad sempre soube que a Neca não apita neca no Itaú, tratando-se de uma mera herdeira que saca seus rendimentos e jamais atuou como banqueira. E como sabe disto? Simples: foi por ela apoiado na campanha eleitoral de 2012!!! 
Então, o Haddad precisaria esclarecer ao respeitável público o seguinte: quando aceitou e agradeceu o apoio da Neca, ele estava sendo ajudado por uma educadora ou sendo cooptado por um banco? Era um vendido em 2012 ou é ingrato e caluniador hoje?

DESCONSTRUÇÃO DE MARINA OU DESCONSTRUÇÃO DA ESPERANÇA NA POLÍTICA?

Afinal, a Dilma se referiu a este Collor…
É simplesmente deplorável que os petistas, começando por Dilma Rousseff, estejam desqualificando Marina Silva como o “Collor de saias”. Nem mesmo a iminência da derrota justifica esta tentativa desesperada de enfiarem uma falácia, a marteladas, na cabeça dos cidadãos comuns.
Para começo de conversa, qual Collor? O que era o inimigo nº 1 do PT em 1989 ou aquele que é o aliado nº 1 do PT em 2014? O que trombeteou o adultério e filha ilegítima do Lula, ou o que o Lula depois perdoou em nome da politicalha? O que antigamente era de direita e incomodava o PT, ou o que hoje é de direita e o PT não dá a mínima para isto?
Depois, no que, afinal, Marina se assemelha ao Collor (e também ao Jânio Quadros)? Apenas em não dispor hoje de uma razoável bancada de sustentação para o seu provável governo. Mas ela se diferencia, entre outros pontos, por ter sempre pertencido ao campo da esquerda e defendido um projeto coletivo, enquanto os outros dois só podem ser considerados aventureiros de direita com projetos meramente pessoais.
Se fôssemos levar em conta uma única semelhança, poderíamos também dizer que Dilma é a nova Eurico Gaspar Dutra ou Celso Pitta, dois postes que não seriam sequer eleitos síndicos de seus prédios, mas chegaram a presidente e a prefeito tão somente porque Getúlio Vargas e Paulo Maluf assim decidiram. Ou compará-la a Fernando Haddad, o outro sapo que o beijo do Lula transformou em príncipe.
…ou a este aqui?
Mas, é extremamente nefasto reduzirmos a campanha sucessória a uma batalha de tortas de lama ou a um torneio de chutes na virilha. Pois, para os militantes de esquerda, o que importa não é a vitória eleitoral a qualquer preço, mas sim o engajamento das massas no processo de transformação da sociedade.
Tal regressão aos métodos nazistas e stalinistas de difamação grosseira dos adversários produz um estrago muito maior do que o ganho objetivado pelos aprendizes de feiticeiro: faz os trabalhadores descrerem da política, passando a encará-la, cada vez mais, como um ninho de ratos ou uma pocilga fedorenta. Existimos para despertar neles a consciência do que são e do que poderiam ser, não para embotá-la ao sabor de conveniências eleitoreiras.
Para a direita, ótimo! Ela quer mesmo é que os trabalhadores continuem céticos e desorganizados –incapazes, portanto, de assumirem seu papel de sujeitos da História (segundo Marx).
Para nós, péssimo! Se os explorados perderem a fé na possibilidade de uma reviravolta, continuaremos conquistando governos e fingindo governar, mas jamais obteremos o poder que verdadeiramente almejamos, qual seja o de transformarmos radicalmente a sociedade, livrando-a da ganância capitalista. Para isto precisamos de seguidores mobilizados e dispostos à luta, não de eleitores que pressionam teclas a cada dois anos.

ENFIM, UM FINAL FELIZ!!!

Vocês nem imaginam meu desalento com tanta coisa dando errado enquanto nada consigo fazer para evitar os desastres que se prenunciam.
Eu sabia que o megaevento da Fifa traria consigo um avanço do autoritarismo e mais restrições dos direitos dos cidadãos, como o de manifestação. Dito e feito.
Chegou-se ao absurdo de prender cidadãos sob falsos pretextos, apenas para não atrapalharem a festa de encerramento. E, para não darem o braço a torcer, as otoridade continuam inventando historietas de horror para tentarem dar verossimilhança à farsa. Tal prática, extremamente odiosa, era adotada muito tempo atrás, quando comunistas, anarquistas e que tais eram tirados de circulação em tais datas e libertados logo no dia seguinte. Agora, nem isto!
Desde o momento que o técnico Luiz Felipe Scolari assumiu a seleção brasileira, afirmei que a conduziria ao fracasso. Ninguém moveu uma palha para mudar o roteiro. Acabou não dando outra. E foi pior ainda do que eu previa.
Agora, estamos na iminência da posse do Scolari 2º, que também trará humilhação e desdita. E a única esperança de acordarmos deste pesadelo parece ser a Rede Globo, vilã de sempre, mas que pode barrar Dunga por conta de desavenças de 2010. A que ponto chegamos! Os bons se omitem e são os maus que ainda podem salvar a situação… por maus motivos, claro!
Vai daí que me sinto muito satisfeito em registrar aqui um episódio com final feliz. São tão poucos.
Está no noticiário deste domingo:

A duas horas da primeira sessão programada para a reabertura do Cine Belas Artes, marcada para 17h, a fila já dobrava o quarteirão e chegava à rua Bela Cintra.

O cinema de rua, próximo à av. Paulista, que fechou às portas em 2011, foi reaberto neste sábado (19) com show da banda Mustache e os Apaches, quatro pré-estreias e exibição de filmes clássicos.

Para que os companheiros de outros Estados entendam melhor do que se trata, eis o post que publiquei quando esta luta terminou em vitória.

O CINE BELAS ARTES FOI SALVO. 
PENA QUE TANTOS OUTROS MORRERAM!

Depois de uma luta de três anos, o movimento de apoiadores do Belas Artes conquistou uma grande vitória: o cinema será reaberto, com apoio da Caixa Econômica Federal, até o próximo mês de maio.

Localizado na valorizadíssima esquina da rua Consolação com a avenida Paulista, o espaço era muito cobiçado pelos servos da grana que “destrói coisas belas”, como bem definiu o Caetano Veloso.

Para evitar mais esta destruição, os defensores das coisas belas recorreram à abertura de processos de tombamento (conseguindo que a fechada, pelo menos, fosse tombada pelo patrimônio histórico estadual) e de uma CPI na Câmara Municipal, a audiências na Assembleia Legislativa e a propostas para o Plano Diretor Estratégico da cidade, além dos costumeiros abaixo-assinados

Com a posse de Fernando Haddad como prefeito de São Paulo em 2013, tudo ficou mais fácil. Os detalhes da devolução do cinema à cidade serão anunciados no próximo sábado (25), aniversário de São Paulo.

Como bom cinéfilo, meus sentimentos são de gratidão para com o movimento que salvou o Belas Artes.

Espremido e jogado fora: o fim do patrocínio
de um banco quase matou o Belas Artes.
Mas, não seria o caso de a cidadania se mobilizar contra a desumanidade capitalista em toda e qualquer circunstância, não apenas em situações específicas?
Cada cinema fechado nas últimas décadas significava algo para muitas pessoas. Nada se fez para os salvar. Então, houve um certo ranço elitista nesta mobilização única.

Cada vez que passo pelo prédio que abrigou o cine Aliança das minhas matinês longínquas, sinto um aperto no coração. Ninguém lutou por ele na Mooca. Os frequentadores não eram intelectuais, mas sim pessoas comuns da baixa classe média. Seus sonhos e sua nostalgia não mereciam respeito?

De resto, vale esclarecer que, embora seja um cinema que marca a memória cultural da cidade, o Belas Artes não funcionava desde 1943, como alguns apressados afirmaram.

Houve uma confusão com o cinema ao lado, que era Astúrias entre 1931 e 1943, passando então a chamar-se Ritz, enquanto o cine Trianon, verdadeiro antecessor do Belas Artes, só seria aberto em 1956.

A Sociedade Amigos da Cinemateca, constituída em 1962, inicialmente exibia suas pérolas cinematográficas numa pequena sala da rua Aurora, constrangedoramente próxima de uma zona de meretrício. Lembro-me de nela ter assistido, p. ex., a O Homem do Prego (1964, d. Sidney Lumet).

Prestes a ser inaugurado, em 1967.

Surgiu uma oportunidade de se transferir para um local mais apropriado e a SAC não bobeou, assumindo o espaço do ex-Trianon e nele instalando o Belas Artes, que logo se tornou o principal cinema de arte de Sampa, eclipsando o Bijou, o Marachá Augusta, o Cosmos 70, etc.

A atração inaugural, em julho/1967, foi Os russos estão chegando! Os russos estão chegando! (1966, d. Norman Jewison).

Enfim, o cultuado cinema que agora terá uma sobrevida, remonta a 1967 -não a 1931, 1943 ou 1956.
E viveu seu grande momento nos idos de 1968, exibindo fitas como A Chinesa (1967, d. Jean-Luc Godard), esmiuçada à exaustão pelas rodas de estudantes, contestadores e  outsiders  em geral que se aglomeravam no bar em frente.
Para quem não sabe, esclareço: trata-se de um filme que entrou em evidência com a chamada  Primavera de Paris, por parecer tê-la antecipado.

Mostra jovens que se isolam durante algum tempo para aprofundarem sua opção revolucionária, entre leituras, discussões, relacionamentos pessoais/amorosos e esboços de uma existência mais livre. Termina com o fim do aprendizado, quando cada um, aclaradas suas dúvidas, direciona-se para a forma de vida e de atuação que lhe é mais afim.

Quanto ao título, não se referia a uma mulher asiática, mas sim à linha chinesa, de Mao Tsé-Tung e seu livrinho vermelho, que então eram tidos como o contraponto ao  revisionismo  soviético…

MALUF DIZ QUE ALIANÇA ENTRE O PT E O PP TEM A BENÇÃO DIVINA

O desprezo pelas convicções e ações dos reacionários não me impede de admirar a verve de uns poucos deles, principalmente quando me fazem dar boas risadas.
Caso do finado corvo Carlos Lacerda, o rei das respostas demolidoras. Quando ele foi propagandear o golpe de 1964 (que os milicos intitularam mentirosamente de revolução) na França, um jornalista de lá, zombeteiro, perguntou: “Por que as revoluções sul-americanas são sempre sem sangue?”.
De bate-pronto, Lacerda disse que isto se devia a elas serem idênticas às luas-de-mel francesas. A piada lhe valeu um convite para se escafeder de lá o quanto antes.
Na mesma linha foi a resposta que ele deu a uma deputada populista, em plena Assembléia Legislativa. Ela o atacou: “V. Ex.ª é um purgante!”. E ele devolveu: “E V. Ex.ª é o resultado!”.
Já o ex-governador Paulo Maluf tem um prazer todo especial em constranger os petistas que, depois de tanto criticarem-no nas últimas décadas, agora vão beijar-lhe a mão em troca de apoio eleitoral e consequente minutinho a mais no horário gratuito. 
Na eleição de 2012, o então candidato Fernando Haddad parecia estar, durante todo o tempo, procurando um buraco no chão para se enfiar.
Já o ex-ministro Alexandre Padilha, aspirante a governador, mostrou-se agora muito mais à vontade. No quesito cara de pau, ele foi aprovado com louvor. 
Talvez por isto Maluf tenha exagera, ao afirmar que a aliança entre o seu PP e o PT “será do tamanho do Corcovado” e “abençoada por Deus”.
Cuidado com o castigo divino!

MAIS UM CANDIDATO DO PT PAPARICA O MALUF. É PRA RIR OU PRA CHORAR?

Deu no Painel da Folha de S. Paulo, conforme vocês podem conferir aqui
“Alô, doutor Paulo? Aqui é o Padilha. Sabe onde eu estou?”
Eram quase 13h30 desta quinta-feira (24) quando o pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, tirou o celular do bolso e telefonou para o deputado federal Paulo Maluf (SP), presidente estadual do PP paulista…
Padilha informou ao deputado que estava a bordo de um barco na eclusa de Barra Bonita, que (…) foi construída sob o comando do deputado em 1973, quando era secretário de Transportes do Estado.
“Perguntei por aqui quem tinha feito a obra da eclusa e todo mundo acertou de cara. E está tudo ótimo, viu? Estou muito animado”, disse o petista ao telefone.

 A corte foi feita a Maluf em momento estratégico. O PT começa a fechar o apoio dos partidos que irão compor a chapa de Padilha na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes.

Talvez o Maluf volte a exigir que Lula e o poste da vez compareçam à sua mansão nos Jardins para beijarem-lhe a mão na presença da imprensa escrita, falada e televisada.

Afinal, apesar da repercussão pra lá de negativa daquelas imagens vergonhosas, o Fernando Haddad acabou sendo eleito prefeito de São Paulo em 2012, atestando que a imoralidade e o oportunismo político podem triunfar sobre a virtude.

Não tenho dúvidas de que, se tal condição for colocada, o PT novamente avaliará a promiscuidade com os filhotes da ditadura como um preço justo a pagar pelo apoio eleitoral dos ditos cujos (ou será sujos?).

O Padilha poderá até sentir-se mais à vontade no papel do que o Haddad, cujo constrangimento era visível. Afinal, segundo o noticiário, ele parece manter ótimas relações com outros criminosos do colarinho branco.

Viver envilece, sentenciou o escritor francês Maurice Druon. E como!

O CINE BELAS ARTES FOI SALVO. PENA QUE TANTOS OUTROS MORRERAM!

Depois de uma luta de três anos, o movimento de apoiadores do Belas Artes conquistou uma grande vitória: o cinema será reaberto, com apoio da Caixa Econômica Federal, até o próximo mês de maio.

Localizado na valorizadíssima esquina da rua Consolação com a avenida Paulista, o espaço era muito cobiçado pelos servos da grana que “destrói coisas belas”, como bem definiu o Caetano Veloso.

Para evitar mais esta destruição, os defensores das coisas belas recorreram à abertura de processos de tombamento (conseguindo que a fechada, pelo menos, fosse tombada pelo patrimônio histórico estadual) e de uma CPI na Câmara Municipal, a audiências na Assembleia Legislativa e a propostas para o Plano Diretor Estratégico da cidade, além dos costumeiros abaixo-assinados

Com a posse de Fernando Haddad como prefeito de São Paulo em 2013, tudo ficou mais fácil. Os detalhes da devolução do cinema à cidade serão anunciados no próximo sábado (25), aniversário de São Paulo.

Como bom cinéfilo, meus sentimentos são de gratidão para com o movimento que salvou o Belas Artes.

Espremido e jogado fora: o fim do patrocínio
de um banco quase matou o Belas Artes.
Mas, não seria o caso de a cidadania se mobilizar contra a desumanidade capitalista em toda e qualquer circunstância, não apenas em situações específicas?
Cada cinema fechado nas últimas décadas significava algo para muitas pessoas. Nada se fez para os salvar. Então, houve um certo ranço elitista nesta mobilização única.

Cada vez que passo pelo prédio que abrigou o cine Aliança das minhas matinês longínquas, sinto um aperto no coração. Ninguém lutou por ele na Mooca. Os frequentadores não eram intelectuais, mas sim pessoas comuns da baixa classe média. Seus sonhos e sua nostalgia não mereciam respeito?

De resto, vale esclarecer que, embora seja um cinema que marca a memória cultural da cidade, o Belas Artes não funcionava desde 1943, como alguns apressados afirmaram.

Houve uma confusão com o cinema ao lado, que era Astúrias entre 1931 e 1943, passando então a chamar-se Ritz, enquanto o cine Trianon, verdadeiro antecessor do Belas Artes, só seria aberto em 1956.

A Sociedade Amigos da Cinemateca, constituída em 1962, inicialmente exibia suas pérolas cinematográficas numa pequena sala da rua Aurora, constrangedoramente próxima de uma zona de meretrício. Lembro-me de nela ter assistido, p. ex., a O Homem do Prego (1964, d. Sidney Lumet).

Prestes a ser inaugurado, em 1967.

Surgiu uma oportunidade de se transferir para um local mais apropriado e a SAC não bobeou, assumindo o espaço do ex-Trianon e nele instalando o Belas Artes, que logo se tornou o principal cinema de arte de Sampa, eclipsando o Bijou, o Marachá Augusta, o Cosmos 70, etc.

A atração inaugural, em julho/1967, foi Os russos estão chegando! Os russos estão chegando! (1966, d. Norman Jewison).

Enfim, o cultuado cinema que agora terá uma sobrevida, remonta a 1967 -não a 1931, 1943 ou 1956.
E viveu seu grande momento nos idos de 1968, exibindo fitas como A Chinesa (1967, d. Jean-Luc Godard), esmiuçada à exaustão pelas rodas de estudantes, contestadores e  outsiders  em geral que se aglomeravam no bar em frente.
Para quem não sabe, esclareço: trata-se de um filme que entrou em evidência com a chamada  Primavera de Paris, por parecer tê-la antecipado.

Mostra jovens que se isolam durante algum tempo para aprofundarem sua opção revolucionária, entre leituras, discussões, relacionamentos pessoais/amorosos e esboços de uma existência mais livre. Termina com o fim do aprendizado, quando cada um, aclaradas suas dúvidas, direciona-se para a forma de vida e de atuação que lhe é mais afim.

Quanto ao título, não se referia a uma mulher asiática, mas sim à linha chinesa, de Mao Tsé-Tung e seu livrinho vermelho, que então eram tidos como o contraponto ao  revisionismo  soviético…

VEJA A DUPLA ALCKMIN-HADDAD E OPINE: "AMORAIS DO SAMBA" É UM BOM NOME?

O que vem após as mãozinhas dadas? O noivado?
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, segue aplicadamente os passos do seu padrinho. 
Quando foram juntos beijar a mão do Paulo Maluf na campanha eleitoral paulistana, captou o recado: ao sabor das conveniências políticas, deveria ele também abanar alegremente o rabo para os personagens mais execrados pelo PT de outrora. 
Gente como Fernando Collor, José Sarney, Jader Barbalho, Renan Calheiros, Maluf e o finado ACM se tornaram amigos do Lula desde criancinhas. As chances de Haddad ser adiante ungido para dar continuidade ao reinado petista passam por bisar nos mínimos detalhes a postura (amoralidade inclusa!) dos monarcas anteriores.
Vai daí que no último mês de junho, quando ele e o governador Geraldo Opus Dei Alckmin estiveram na França fazendo lobby para que a Expo 2020 escolha a capital paulista como sede, Haddad não viu mal nenhum em ir muito além daquilo a que era obrigado pelo dever de burgomestre: confraternizou com o carrasco do Pinheirinho num momento de folga!!!
Depois de perdida a virgindade, liberou geral…
Num dia (10 de junho), eles estavam cantando juntos o “Trem das onze”, do grande Adoniran Barbosa, que deve ter-se revirado na cova. 
Emblematicamente, nem 24 horas depois as manifestações contra a parceria Alckmin-Haddad no aumento das tarifas do transporte coletivo chegaram ao ápice, tornando-se um fato político de primeira grandeza.

Enquanto isto, os pais da criança estavam na Europa distante, cantando para os franceses uma canção alusiva… ao transporte coletivo. Parece piada de mau gosto.

Na volta, como diria o velho boêmio, a imagem dos dois tinha ficado igual a “tábua de tiro ao álvaro/ não tem mais onde furar”…

Uma reportagem sarcástica sobre a dupla desafinada e desatinada, incluindo o registro da cantoria, foi exibida pela TV Cultura no último domingo (24), no primeiro bloco do programa TV Folha. Vejam-na na janelinha abaixo.
Sartre dizia que fazer política é enfiar a mão no sangue e na merda. Isto não desestimula Haddad. Ele desde já está fazendo tudo que julga ser necessário para não perder esse trem que não passa agora às onze horas, mas só em 2018.  
O jeito é nunca esquecermos de segurar um lenço perfumado no nariz quando ele estiver por perto.

…E AS PEDRAS VOLTARAM A ROLAR!

A desinformação campeia –talvez porque os principais veículos de comunicação escrita e eletrônica abdicaram da nobre tarefa de informar os cidadãos, trocada pela de os manipular em tempo integral, tangendo-os para o consumismo, o conformismo, o conservadorismo e o reacionarismo.  


Então, quando manifestações de protesto eclodem no País inteiro, parecem vexados de não terem, no momento preciso, dado o devido destaque aos acontecimentos que prepararam o terreno para elas –principalmente o renascimento do movimento estudantil. Então, omitem as etapas percorridas até as jornadas atuais, como se elas tivessem caído do céu.

Eu, pelo contrário, o saudei emocionado, naquele maio de 2007 em que os estudante da USP levaram a cabo a primeira ocupação de reitoria do Brasil redemocratizado. 

Foi quando escrevi o texto abaixo, convicto de que os fios da História começavam a ser reatados, para a retomada dos movimentos de contestação no estágio em que eles pararam quando a assinatura do AI-5 arrojou o Brasil nas trevas absolutas, no arbítrio total.

Como não estamos mais sob ditadura, a acumulação de forças desta vez foi mais lenta, embora perceptível. Para quem tem um mínimo de sensibilidade política, eram favas contadas que, mais dia, menos dia, uma enorme onda de protestos sacudiria o País.

Então, faço questão de lembrar como tudo (re)começou, publicando novamente um dos textos que mais me orgulho de haver escrito. Lancei-o no dia 31/05/2007. Alguns dias depois, o então governador José Serra capitulou, anunciando que reveria os quatro decretos autoritários repudiados pelos uspianos. 

Foi uma vitória tão emblemática como a que o Movimento Passe Livre acaba de conquistar, forçando o recuo de Geraldo Alckmin e Fernando Haddad na questão das tarifas. 
POR DENTRO DA REITORIA OCUPADA
A última segunda-feira de maio é ensolarada, uma exceção no invernal outono paulistano. As pessoas ao redor da reitoria da Universidade de São Paulo, ocupada pelos estudantes desde o dia 3, mostram aquela animação habitual de quem reencontra o calor e o céu azul, após vários dias frios e cinzentos.
Conversam, brincam, confraternizam. Há líderes de servidores públicos se revezando num alto-falante para instruir/entreter quem chegou adiantado à reunião da categoria que terá lugar ali mesmo, ao ar livre. Ninguém parece preocupar-se com uma invasão da Polícia Militar, para cumprir o mandado de reintegração de posse concedido pela Justiça.
Uma barricada de pneus diante da entrada é a vitrine da ocupação. De que realmente servirá, caso cheguem brutamontes bem treinados e equipados, que têm a violência como realidade cotidiana? Quase nada. Mas, os símbolos têm papel importante nas batalhas em que o grande objetivo estratégico é a conquista de corações e mentes.
Diante da única porta de entrada, alguns estudantes do esquema de segurança fazem a triagem dos visitantes. Basta ter uma carteirinha de aluno ou professor da USP para entrar sem problemas. Como não sou uma coisa nem outra, levo alguns minutos para convencê-los de que não vim brincar de 007.
Como credencial, apresento meu livro Náufrago da Utopia, que por acaso trago comigo. Agrada-lhes o caderno iconográfico, com muitas fotos do movimento estudantil de 1968. Meio convencidos de minhas boas intenções, deixam que eu vá parlamentar com a  Comissão de Comunicação  (ou rótulo que o valha). Acompanhado, por enquanto.
Lá decidem que eu posso circular à vontade pela reitoria ocupada, liberando meu cicerone/vigia para outras tarefas. Uns 15 estudantes rodeiam meia dúzia de computadores, uns digitando e os outros palpitando.
Cuidam de manter o blogue da ocupação no ar, de selecionar e imprimir textos que serão expostos nos quadros de avisos e paredes. E também de mandar mensagens de esclarecimento aos jornalistas que falam mal da ocupação. [Como se isso adiantasse. Tirando honrosas exceções, a imprensa se colocou contra os estudantes, às vezes dissimuladamente, outras da forma mais panfletária e caluniosa, como fez a Veja São Paulo, que os acusou de “vândalos”, “baderneiros” e “arruaceiros”.]
A diferença mais marcante em relação às ocupações antigas é, exatamente, o esquema de comunicação sofisticado da atual, incluindo TV por Internet e   rádio livre. De resto, sinto-me como se tivesse entrado num túnel do tempo e desembarcado naquele mês de julho de 1968 em que a Faculdade de Filosofia da rua Maria Antônia (SP) esteve ocupada para servir como QG das iniciativas em apoio da Greve de Osasco, lançando a nova onda que (como agora) rapidamente se alastrou.
Os mesmos colchonetes espalhados por um salão em que repousam alguns sentinelas cansados, após a vigília da madrugada – período mais propício para uma operação policial, exigindo, portanto, cuidados redobrados (e muita disposição para enfrentar o frio).
Os mesmos jovens com roupas coloridas e brilho no olhar, convencidos de que estão fazendo História, embora alguns ainda sejam imberbes.
Os mesmos mosaicos de textos e imagens compondo um visual agradavelmente anárquico. [O pôster mais hilário é o do governador José Serra fazendo mira com um fuzil e os dizeres “José Serra, nada mais nos U.N.E.”. Que ingenuidade, deixar-se fotografar em pose tão incompatível com sua aura e seu passado!]
Sou capaz de apostar que, se fizesse uma  excursão  como a que estou fazendo, a reitorazinha teria chiliques, pois, à  anarquia criativa, deve preferir os ambientes burocratizados, assépticos e sem vida, a julgar pelo que revela nas entrevistas: faz musculação, esteira e escova nos cabelos, usa terninhos de estilo clássico, quer corrigir pálpebras e bochechas com cirurgia plástica.
Deuses, o que faz uma farmacêutica numa posição dessas? Serão esses os temas que uma reitora deve tratar na imprensa, quando sua universidade vive a maior crise das últimas décadas? [De quebra, é uma ingênua que, a mando ou com autorização do governador, pede reintegração de posse e depois paga o mico de ver o mandado judicial descumprido, já que os estudantes não engoliram o blefe e Serra teme as conseqüências desse presumível confronto sobre suas ambições políticas.]
Apesar de toda a grita demagógica dos direitistas empedernidos e dos cristãos-novos do reacionarismo, não há sinais visíveis de depredação ou vandalismo. Aliás, os estudantes criaram um sem-número de comissões, para cuidar de cada detalhe  administrativo  da ocupação, zelando pelo patrimônio público. Até permitem que os faxineiros continuem cumprindo sua função de manter limpas as várias dependências, indiferentes ao “perigo” de que o  inimigo  possa infiltrar-se camuflado com macacões.
O que não funciona mesmo são os caixas eletrônicos de bancos, nos quais  foram colados avisos de “sem dinheiro”. Uma fração infinitesimal da usura consentida pela Justiça e abençoada pelo sistema foi detida. Vem-me à lembrança uma música de Sérgio Ricardo, ídolo dos universitários responsáveis pelas ocupações de quatro décadas atrás: “Os bancos e caixas-fortes/ que eram rocha, se quebraram/ e um rio de dinheiro correu”.
À saída, lanço um último olhar a esses jovens belos, brilhantes e idealistas, aparentemente tão frágeis, mas dispostos a enfrentar a tropa de choque da PM, se isso for necessário. Espero, torço para que não venha a ser.
Volto para o mundo real da desigualdade, da competição e da ganância, depois de um breve reencontro com o faz-de-conta revolucionário. Ciente de que há um longo caminho a percorrer até que os voluntários da utopia voltem a ser em número suficiente para tentarem ir além do faz-de-conta.
E, mesmo assim, esperançoso, pois um passo importante está sendo dado, com esse renascer do movimento estudantil que ora se delineia. É tudo de que precisamos, a renovação e oxigenação da esquerda, depois de tantas desilusões e defecções.
As pedras voltam a rolar. 

ABSTENÇÃO, NULOS E BRANCOS DISPARAM EM SAMPA

Na eleição para prefeito de São Paulo havia duas certezas:
  • a chegada de José Serra no 2º turno;
  • sua derrota final.
Os sucessivos e cada vez mais insatisfatórios mandatos dos tucanos e seus aliados, no Estado e na cidade de São Paulo, saturaram o eleitorado. Com enorme rejeição, Serra jamais conseguiria remar contra esta maré. Seu eleitorado cativo só lhe permitiria levar a disputa para a prorrogação, tornando-se, a partir daí, presa fácil para o adversário.

Mais: os eleitores ansiavam pelo  novo.

Muito se falará sobre o talento que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem para eleger postes, mas a sorte desempenhou papel importante.

O espaço da novidade foi imediatamente ocupado por Celso Russomanno, beneficiando-se do prestígio televisivo e do apoio da Igreja Universal.

Sua arrancada fulminante impediu que um  novo  mais consistente (e menos identificado com a velha podridão) se afirmasse.

Nas duas semanas que antecederam o 1º turno, a propaganda do PT desconstruiu Russomanno, explorando episódios do seu passado e plantando na cabeça do eleitor a idéia de que ele iria encarecer o transporte coletivo. Não era bem isto, mas só candidato tolo faz propostas complicadas, que podem ser voltadas contra si, tendo pouco tempo no horário eleitoral para as explicar.

O esvaziamento do balão Russomanno, em cima da hora, não deu aos eleitores oportunidade para se direcionarem a outro  novo. O caminho ficou aberto para  o triunfo de Fernando Haddad.

A esquerda consequente fez campanha pelo voto nulo no 2º turno e tem um resultado apreciável para exibir: 500.578 votos (7,26%).

Somados aos votos em branco (299.224, 4,34%) e à abstenção (1.722.880, 19,99%), são quase três eleitores em cada dez (29,2%) que não viram motivos para votar nem em Haddad (3.387.720, 39,3%), nem em Serra (2.708.768, 31,4%).

Lembrem-se: estamos num país em que  O VOTO NÃO É FACULTATIVO (!), TENDO-SE MANTIDO, MESMO DEPOIS DA REDEMOCRATIZAÇÃO, SEU AUTORITÁRIO CARÁTER COMPULSÓRIO (!!) ATÉ A AVANÇADA IDADE DE 70 ANOS (!!!). Então, tais números evidenciam um enorme desânimo e insatisfação com as opções predominantes.

E que predominam exatamente porque o jogo é de cartas marcadas: os maiores partidos usam e abusam do poder econômico, além de praticamente monopolizarem o horário gratuíto.

De quebra, dão um jeito de fazer com que sejam cancelados os debates televisivos QUANDO TEMEM UMA ALTERAÇÃO DO QUADRO ELEITORAL. Foi o que a TV Record fez nos dois turnos e a Globo no 1º turno.

Ou seja, o sistema aprendeu como evitar que uma nova Luíza Erundina conquiste um governo importante, o que é fundamental para o deslanche de um pequeno partido.

Se já tivesse tal expertise em 1988, o PT levaria muito mais tempo para crescer e talvez não estivesse hoje, paradoxalmente, em condições de barrar os herdeiros dos seus ideais de outrora, como acaba de fazer na cidade do Rio de Janeiro, onde sua opção política foi, simplesmente, IMORAL.

VOTO NULO É OBRIGATÓRIO NA ELEIÇÃO PAULISTANA

Há posicionamentos díspares no PSOL sobre se os filiados devem votar nulo ou praticar o voto útil neste domingo.
Como não falo pelo partido nem me considero suficientemente informado sobre o quadro nacional, vou opinar somente sobre o contexto paulistano.
José Serra iniciou, como governador, a montagem de um embrião de estado policial no Estado e na cidade de São Paulo, transformados num verdadeiro laboratório de testes de fórmulas fascistizantes; votar nele é impensável.
Fernando Haddad não se propôs, como candidato, a lutar contra tal escalada autoritária, nem assumiu o compromisso de exonerar imediatamente os 30 subprefeitos (de um total de 31) que são oficiais da reserva da Polícia Militar; votar nele é inútil, pois quem faz  campanha de consumo  governa como  prefeito do sistema, não como prefeito ideologicamente coerente.
O PT hoje é um partido reformista. Quer apenas atenuar os malefícios do capitalismo, tendo abdicado de fazer a revolução. 
Então, quem considera que o capitalismo esgotou sua função histórica e se tornará cada vez mais nocivo, desumano e exterminador nesta fase terminal, não tem motivo nenhum para apoiar os que se propõem a prolongar sua agonia, ao invés de dar-lhe um fim.
Os autênticos seguidores de Marx ou Proudhon não podem, portanto, optar nem pelo voto impensável, nem pelo voto inútil. Têm de votar NULO!